Fala meus queridos marujos, como vocês estão? Espero que bem ou, na medida do possível, que estejam olhando o lado bom da vida! Afinal, sempre há um lado bom! Mas, deixando essa parte de autoajuda de lado, vocês já ouviram falar de O Mundo de Beakman? Bom, se você que esta aqui no FL Play, lendo essas linhas, for uma pessoa nascida na década de noventa, ou gerações anteriores a essa, com certeza deve se lembrar dessa serie marcante que, de uma modo divertido, procurou ensinar ciência para várias crianças, adolescentes, plantas, pedras e dinossauros pelo mundo!
Mas, passemos agora a dados sérios sobre a série: O Mundo de Beakman - ou
Beakman's World, titulo original - foi um programa de televisão educativo
estrelado pelo ator americano Paul Zaloom no papel do Professor Beakman.
O Professor Beakman era acompanhado pelo seu rato de laborátorio Lester (Mark
Ritts) e de assistentes como Rosie (Alana Ubach), Liza (Eliza Schneider) e
Phoebe (Senta Moses), que mudaram ao longo da série, e por vezes alguns
apresentados pelo próprio Beakman, como Art Burns, Meekman (o irmão de
Beakman), O Homem Equilíbrio, Vlavaav, e o Professor Chatoff.
A série foi transmitida no Brasil pela TV Cultura entre 1994 e 2005, com uma
breve passagem pela Rede Record, no programa Agente G, em 1997. Também foi
exibido pelo canal Cl@se de 2000 a 2005 e em 2006 pelo canal a cabo Boomerang.
A TV Cultura voltou a exibir o programa dentro do bloco Sessão da Hora, no
primeiro semestre de 2011. Os episódios estão disponíveis atualmente pelo
serviço Pago de TV por Internet Netflix.
No programa original de Beakman, eram lidas cartas de telespectadores reais,
dos EUA, porém com a tradução para português e exibição no Brasil foi utilizado
nomes fictícios, o que era o gancho para a realização de experiências (que
ensinava como reproduzi-las em casa) e a abordagem divertida de conceitos
científicos. Ocasionalmente interpretava cientistas já falecidos, como Albert
Einstein, Isaac Newton, Bernoulli, Alexander Graham Bell, Charles Darwin e
Benjamin Franklin.
O que é e
como surgiu o Beakman's World - O Mundo de Beakman
A década de 1990 foi palco de um dos programas mais eficientes no ato de
ensinar divertindo, O Mundo de Beakman, que usava uma linguagem direta, com os
apresentadores conversando com o telespectador, para mostrar noções de
ciências, química, física, astrologia e por aí vai.
O programa, produzido pela Columbia Pictures, foi baseado na tira em quadrinhos
“You Can With Beakman e Jax”, criada por Jok Church, e publicada em vários
jornais, dos Estados Unidos e de outros países, mais de 250 ao redor do mundo.
Os personagens dos quadrinhos são Beakman, um cientista que explica como as
coisas funcionam, e sua igualmente inteligente irmã gêmea, Jax. O programa, no
entanto, mostra apenas Beakman porque os produtores acreditavam que dois
protagonistas tornariam o programa confuso.
Beakman era um cientista meio maluco que dedicava o seu tempo em responder as
perguntas dos seus telespectadores. Com um corte de cabelo superfashion e seu
guarda-pó verde fluorescente, ele se mostrava um grande conhecedor de todas as
ciências, embora falasse que não sabia de tudo, apenas sabia como conseguir as
respostas. Ele tinha um jargão estranho “Badabin Badaben Badabun!" e de
vez em quando desaparecia para transformar-se em personalidades antigas como
Newton, Einstein, ou ainda o super herói Homem-Equilíbrio. O maior problema de
Beakman era Lester, um "ator desempregado", que tinha sido contratado para
ajudá-lo no laboratório, e que para isso, teve de vestir uma roupa de rato e
fazer o que menos gostava: trabalhar. Lester era constantemente "humilhado" pelos
outros personagens, sobretudo por Beakman, quando o desafiava. Apesar de seus
puns, Lester jurava que tomava banho: "Eu não tomo banho anualmente. Eu
tomo um banho por ano!". Dizia ele.
Por trás das câmeras
Uma
vez que a câmera encontrava-se ligada muitas coisas engraçadas aconteciam nos
bastidores de O Mundo de Beakman. Creio que isso não deve ser novidade para
ninguém, certo? O ator Paul Zaloom, por exemplo, teve de enfrentar seu medo de
cobras em um dos episódios da serie. No episodio em questão uma jiboia enrolada
ao redor de Lester olhava para a câmera quando, subitamente, virou-se para
Zaloom. “Eu não aguentei. Gritei e saí correndo como uma menina assustada”.
Disse o ator. O mesmo susto aconteceu com um crocodilo que, apesar de manso, um
dia resolver ensaiar uma mordida perto dele.
Mas,
apesar da bagunça o programa possui uma regra: “Nunca podem parar. Se errarem,
continuem. Só parem quando o diretor gritar ‘Corta!’”. O que indica uma única
coisa meus queridos leitores: muitas das cenas que vemos em O Mundo de Beakman
não foram planejadas, ou ao menos ensaiadas. São improvisações e erros que,
simplesmente, foram para o ar! Isso ajudou e muito para a naturalidade do programa,
tornando-o mais orgânico e simples. Talvez esteja, ai, o segredo do
sucesso. Muita coisa acontecia de errado e os atores prosseguiam com a cena.
Alguns desses erros entraram no programa, tornando-o ainda mais engraçado.
O
rato de laboratório Lester, a princípio, era para ser apenas um fantoche, mas a
ideia foi logo descartada. Mark Ritss, o intérprete de Lester, pensou, então,
em se vestir de rato e deu certo. “Eu amava o Mark. Ele era incrivelmente
talentoso. Ele elevou o nível do programa por causa de seu talento”, contou
Zaloom. Mark Ritts faleceu, vítima de câncer em 2009 e Zaloom cuidou do amigo
em seus últimos seis meses de vida. “Eu estava lá enquanto ele piorando. E foi
uma experiência incrível”, disse com lágrimas nos olhos. Mas logo em seguida,
para mudar o clima, soltou “Ele disse duas coisas para mim. ‘O câncer é um
saco’. E, em outro momento, quando estava piorando ele virou pra mim e disse
‘Ah, a vida é boa!’”.
Foram gravados 91 episódios de O
Mundo de Beakman, o suficiente para mantê-lo no ar por mais temporadas, mas
Zaloom revelou que o programa não dava muito lucro e que só estava no ar por
causa da lei de cotas. “Hoje em dia, os programas infantis são baseados em
produtos. Vendem-se canecas do Bob Esponja. Tudo se baseia nisso: merchandising”
Porque o
programa acabou?
Para
entender isso é preciso, primeiro, recordar como foi possível tornar O Mundo de
Beakman um programa de TV. Em entrevista ao site Com.Ciência o produtor do
programa Jok Church disse que: "Isso ocorreu [em 1992] quando a Universal
Press Syndicate, que distribuia e editava meus quadrinhos, fez uma parceria com
a Universal Belo Corporation e a distribuidora Columbia Picture's
Television que estavam interessados em transformar O mundo de Beakman em
um programa de televisão. Pediram-me para escrever um piloto, o filmamos e o
levamos para a National Association of Television Program Executives
(NATPE) porque eles retransmitem para estações de televisão individuais. Nós
iniciamos [o programa] em uma época em que surgiu uma lei que exigia que as
redes de comunicação exibissem conteúdo educativo para crianças. Então,
conseguimos vender o programa para cerca de 90% do mercado televisivo dos
Estados Unidos mesmo antes dele estar pronto, apenas baseado em uma amostra de
vídeo com duração de 15 minutos. Foram 96 programas no total, com 30 minutos de
duração."
O
produtor, também, explica o porque o show teve de trocar as assistentes três
vezes: "É importante mencionar que O mundo de Beakman é uma das
produções de televisão com o mais baixo orçamento. Isso porque as pessoas [da
equipe] concordaram em trabalhar pela metade [do salário] que normalmente
receberiam, porque se tratava de um programa educativo e porque elas gostavam
de fazê-lo. Mas depois de um ano de exposição nas redes de televisão, as
pessoas recebiam ofertas de empregos melhores e deixavam o programa."
E,
por fim, as razões do termino da serie em 1998 após sua quarta temporada:
"No primeiro ano, nós nos unimos para vender o programa para as estações
de TV. Então, a CBS, [uma das maiores redes de televisão dos EUA] se interessou
por ele e achamos que seria muito bom para o programa aparecer em uma rede
nacional grande. Mas, em primeiro lugar, não foi bom para o programa porque a
CBS não gostava dele. Eles apenas o colocavam no ar porque eram obirgados, por
lei, ter um programa com conteúdo educativo. Isso significa que todas as nossas
expectativas de que eles promoveriam o programa, não foram atingidas. Nunca
houve sequer um anúncio para promover O mundo de Beakman, o que acabou
inviabilizando o programa. Acho um milagre que tenhamos feito 96 programas. O
programa não dava lucros e para investir, as pessoas precisavam saber os lucros
seriam proporcionais aos investimentos realizados pela corporação. Por isso
hesita-se em investir em uma nova produção. O programa tinha uma boa audiência,
boa avaliação, as pessoas o adoravam, mas não trouxe dinheiro para aqueles que
o fizeram. Eu não fiquei rico. As pessoas precisam entender que eu sou o autor
de um programa de televisão de sucesso mas eu moro em uma casa alugada [...] Eu
acho que as pessoas estão prontas. Só não acho que as pessoas que o transmitem
na televisão estejam prontas. Creio que elas vejam o aprendizado e a aquisição
de conhecimento como sendo opostos à diversão. Eu não acho que seja, mas penso
que isso possa estar relacionado com o fato da cultura de programação
televisiva não priorizar as crianças, que eram nosso público. O programa era
visto [pelas redes de TV] como um remédio ruim que precisavam tomar, porque o
governo disse que eles precisavam. Existem pessoas que respeito enormemente,
como Steven Spielberg, Norman Leer e produtores que nos disseram que [O
mundo de Beakman] era a melhor coisa que havia na televisão. Mas as redes
de TV não o viam como uma oportunidade, mas sim como um problema, como algo que
eles deviam fazer para não ter problemas com o governo. É uma pena! Levei 10
anos para conseguir o dinheiro para fazer o programa e foi terrível ver que ser
fabuloso não foi suficiente."
Curiosidades
1. Vamos começar
com uma previsível, mas que pode decepcionar muita gente: Paul Zaloom não é
um cientista de verdade. Ele estudou na escola preparatória “Choate
School”, em Connecticut, e começou sua carreira artística no Goddard College,
em Vermont.
2. Zaloom
contou que a inspiração para o programa veio de uma tirinha de quadrinhos
escrita por Jok Church. Na história de “You Can With Beakman and Jax”, dois
personagens respondem a questões sobre ciência, tecnologia e história
“enviadas” por leitores. Bem parecido com o programa que foi ao ar.
3. Falando
nisso, enquanto o programa estava no ar, o show recebia mais de 1000 cartas
por semana. Elas vinham de crianças, adultos e professores dos Estados
Unidos, Canadá e até da Suécia.
4. A
ideia para o show não foi de Zaloom, mas ele diz que foi o único “louco”
que aceitou participar do projeto. “Ajudei a criar o show sabendo que não ia
ficar rico ou ganhar créditos por isso”, contou.
5. Apesar
de ser um programa com proposta educativa, muitos professores não gostavam
de “O Mundo de Beakman” por considerar vulgares os temas tratados. “Mas
crianças são fascinadas por peidos, soluços, xixi…por que não falar sobre isso
de forma científica?”, questionou Zaloom durante a palestra.
6. Ele
também explicou que o programa era todo pensado para estimular a
participação das crianças. “Queríamos que elas fizessem as experiências em
casa. Quanto mais próximas elas estiverem da ciência, mais aprendem”, disse
Zaloom. Além disso, o show procurava formas de manter a atenção do público
infantil. As duas câmeras usadas na gravação ficavam fixas e o que se moviam
eram os personagens no set. Outra coisa impressionante é a quantidade de
efeitos sonoros usados: são mais de 5 mil em cada meia hora de episódio.
7. Segundo
Zaloom, o programa só teve espaço na TV por obra do governo americano:
em 1991, um ano antes do show estrear, todos os canais de televisão foram
obrigados a incluir uma programação educativa infantil para poder renovar suas
licenças de funcionamento. “Os canais estavam infelizes. Eles preferiam passar
“Os Flinstones” para ensinar as crianças sobre o passado e “Os Jetsons” sobre o
futuro. Absurdo!”, disse.
8. Além de
ator, Paul Zaloom é controlador de marionetes, cineasta, ventríloquo e
satirista político (que critica desde a indústria de cigarros à prisão de
Guantánamo). Aliás, ele conta que sua experiência em transformar assuntos
políticos em entretenimento foi essencial para conseguir falar de ciência de
uma forma engraçada como Beakman. “Você precisa entender o quão complexo
algo é para saber explicá-lo de forma simples“.
9. Durante
a apresentação, Zaloom falou da sua relação com Mark Ritts, o ator que
interpretava o rato Lester, ajudante de laboratório de Beakman. “Além de ser
muito inteligente e um excelente ator, ele era uma grande pessoa”. Ritts
morreu de câncer em 2009. Em 1968, ele se formou em literatura inglesa na
conceituada faculdade Harvard.
10. O
programa foi exibido de 92 a 97 nos EUA. No Brasil, foi ao ar na Cultura, a
partir de 94, e esporadicamente, tem reprises no canal.
11. Entre os
personagens criados para o programa que Paul Zaloom interpreta além de Beakman,
estão o Professor Chatoff (Professor I.M. Boring no original), o cozinheiro Art
Burns, o irmão de Beakman, Meekman; O Homem Equílibrio e Vlavaav.
12. Lester
era interpretado pelo ator, produtor, diretor, dublador e manipulador de
marionetes Mark Ritts.
13. O programa nunca deixava claro no começo, se Lester era um
rato antropomórfico ou apenas um cara vestido de camundongo. Mais a frente,
vira uma piada recorrente ele ser identificado como um cara em roupa de rato,
ou como um ator sério com um péssimo agente.
14 . Beakman
teve três ajudantes: Josie na 1º temporada, Lisa para a 2º e 3º e finalmente
Phoebe para a 4º.
15. Os nomes
dos pinguins que apareciam no começo e final do programa eram Dan(Don no
original) e Léo (Herb no original).
16. Lester
nunca venceu um “Desafio do Beakman”.
17. O interprete
de Beakman, Paul Zaloom, tem 62 anos, foi casado duas vezes e tem uma filha.
Ele também é assumidamente gay.
18. Zaloom
viaja o mundo, fazendo apresentações com o personagem Beakman, visitando várias
vezes o Brasil.
19. Quando
um experimento dava certo, ele exclamava Zaloom, que é o sobrenome do
intérprete do personagem.
20. O tema
de abertura da série, foi criado pelo vocalista e fundador da banda Devo, Mark
Mothersbaugh. Uma sanfona é usada no riff principal da música.
21. Beakman sempre
começava o programa falando uma curiosidade científica.
22. Um dos
grandes trunfos do programa, era responder, perguntas ditas “idiotas”. Como se
forma mofo no pão, como os humanos crescem, para quê serve o ranho,
porquê não podemos ver através dos espelhos, se eles são vidro, questionamentos
sobre flatulência e afins.
Como estão os personagens hoje?
Paul Zaloom (Beakman, Art Burns, Meekman)
Depois de ‘O Mundo de Beakman, Zaloom escreveu e atuou
em espetáculos solo, e também deu aula de ‘fantochada’ e arte performática em
várias universidades. Atualmente tem 59 anos, e trabalha com sátira em
suas performances.
Lester (Mark Ritts)
Após fazer sucesso como Lester, Ritts foi host em um programa
infantil e ainda trabalhou como co-produtor, diretor e escritor do especial
“Barney, o Dinossauro”. Também participou na produção de alguns documentários
culturais e no lançamento de livros sobre psicologia infantil. Faleceu no final
de 2009, de câncer nos rins.
Rosie (Alanna Ubach)
Participou posteriormente de filmes como Entrando numa fria e
mudança de Habito 2. Atualmente é modelo e atriz e faz bicos como dubladora,
especialmente em desenhos animados.
Lisa (Elisa Jane Schneider)
Depois disso participou de vários filmes em papéis
secundários e dublou vários personagens na série South Park, dentre elas a
Senhora Cartman e Wendy Testaburger. Eliza é basicamente uma atriz de teatro,
com grande carreira na Broadway.
Phoebe
(Senta Moses)
Agora é atriz de filmes independentes.
Gostou da postagem? Sentiu vontade de
ver e/ou baixar a serie? Segue os links: Ver online (YouTube) e baixar (torrent - the pirate bay). Para ler as entrevistas de Paul Zalom (Beakman) e Jok Church (produtor da serie) é só clicar, respectivamente, aqui e aqui. Deixe seus comentários ai embaixo! Agradecemos muito sua visita, volte sempre, forte abraço!
By: Winchester!
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